Deixei de ser mais uma no meio da multidão
- Luana Lessa
- 31 de ago. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de mai. de 2021
É estranho quando você passa por um situação como essa. Até então, eu era só a menina que andava com echarpe no frio ou calor pra disfarçar os nódulos que estavam crescendo no meu pescoço e que de alguma forma me incomodavam. Antes do diagnóstico, com a biópsia, eu era a menina que andava com o echarpe para cobrir o curativo da cirurgia ou para cobrir a cicatriz que não podia pegar sol senão ficaria marcada pra sempre. Depois da colocação do cateter e de uma gripe, eu era a menina que andava com um curativo enorme no peito e precisava andar de máscara em todo lugar cheio que ia - mercados, shopping, rua-. Com a máscara eu ERA A MENINA. EU SOU A MENINA. AQUELA MENINA. A menina que todos observam, que todos se perguntam, que alguns fogem, que outros ajudam, mas não deixam de olhar. Isso pra mim foi estranho. Isso pra mim está sendo embaraçoso. Isso pra mim está sendo estranho. Isso pra mim está sendo desconfortável. Eu não vou mentir. É muito desconfortável. Você tenta passar despercebida pelos olhares como sempre foi, mas não consegue. Não tem como. E não é culpa sua. Não é culpa minha. A você que me encara ou foge toda vez que passo, peço que se acostume ou então lamente, pois estou lutando pela minha vida e eu não vou deixar de vivê-la com receio ou medo do que está passando pela sua cabeça ao me encarar da cabeça aos pés. Acostume-se com minha presença, com minha máscara e minhas cicatrizes pois agora, elas são parte de mim e vão dizer muito sobre quem eu serei.
Com amor,
Lua

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