Nosso corpo dá sinais
- Luana Lessa
- 17 de set. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de jun. de 2019
Abril: Estava eu igual uma zumbi virando noites pesquisando e escrevendo a dissertação de mestrado e quando vou a banheiro fazer xixi vem o cheiro. Sabe o cheiro de banheiro de rodoviária? Esse mesmo! Só consegui dizer, MÃE! VAMOS PRA EMERGÊNCIA TÔ COM INFECÇÃO URINÁRIA. Chegando lá, o médico diz que está tudo bem e me passou um antibiótico leve só por precaução. O que na VERDADE ERA uma infecção urinária com o tempo, o mal diagnóstico e o tratamento errado fez evoluir meu quadro para uma pielonefrite. Caraca, cês não sabem como meus rins doíam. Eu não conseguia dormir, eu não conseguia me posicionar. Uma sensação muito ruim que se estendeu bastante mesmo após diversas entradas na emergência e ser tratada com diversos medicamentos.
Maio: Depois de todo tratamento louco e possível para a infecção urinária e a pielonefrite, comecei a sentir umas dores abdominais absurdas. Absurdas mesmos. Que faziam eu me contorcer de dor, chorar e não ter posição pra ficar. Associado a isso eu vomitava o tempo inteiro. Não sentia fome. Nada entrava. Só saia. Até que reparei um carocinho pequeno no meu pescoço meio dolorido que não me incomodava tanto quanto as dores, as naúseas e os vômitos constantes. Eu vivia mareada. Eu vivia nauseada. Eu vivia vomitando.
Junho: Comecei a investigação com um gastroenterologista. Fiz todo tipo de exame que vocês possam imaginar. De imagem, sangue, parasitológico e bacteriológico. Tudo dentro dos conformes, a não ser pelo exame de sangue sempre acusando uma anemia leve e uns marcadores inflamatórios (VHS e PCR) dando alterados. Lembram do carocinho do meu pescoço? Ele ainda estava ali, não sentia nenhuma dor e ele parecia aumentar cada vez mais, sendo possível vê-lo a olho nu. Não só ao toque.
Julho: Duas crises tensas de amigdalite. Mais caroços começaram a crescer do outro lado do meu pescoço. Agora não era apenas um, eram múltiplos e de ambos os lados. As dores abdominais e enjoos continuavam, mas foram melhorando. O gastro que até então não tinha se preocupado com os nódulos, me encaminhou para um hematologista com um pedido de biópsia. Nesse mês, graças a deus, tudo foi correndo muito rápido e eu consegui uma consulta com hematologista e a cirurgia da biópsia. Na correria, pressa, mas tudo deu certo.
Agosto: Espera pelo resultado da biópsia. Linfoma de Hodgkin Clássico - Esclerose Nodular I.
Associado a todo esse processo, percebia uma febrícula toda noite que não passava de 37.5, tinha noites que eu acordava ENCHARCADA de suor e tinha que levantar pra tomar um banho e eu tinha uma coceira CHATA que ficava indo a vindo e me irritava. Eu não reparei quando esses sintomas começaram, mas eles estavam associados a bola de neve que vinha acontecendo comigo e foram cruciais pros médicos classificarem meu linfoma.
Essa foi a cronologia e o começo de tudo que aconteceu comigo até eu descobrir o câncer. Confesso que depois que o gastro me encaminhou pro hematologista, dentro de mim eu já esperava um diagnóstico de linfoma e saí de dentro do consultório vermelha - como minha mãe disse - já falando sobre essa possibilidade. Acredito que por isso meus pais fizeram tudo que estava e não estava ao alcance deles para correr com as consultas e eu sou muito grata a isso. Do diagnóstico até o começo da minha quimioterapia passou-se um mês. Muito tempo? Talvez, mas preciso acreditar que tudo acontece no seu tempo, até porque foram 4 meses esperando por um diagnóstico concreto. Por isso, fiquem sempre atento a saúde de vocês. QUALQUER mudança é sinal de alerta, nosso corpo é perfeito demais pra não dar sinal que alguma coisa está errada.

Com amor,
Lua
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