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Você já pensou em DOAR sua Medula?

  • Foto do escritor: Luana Lessa
    Luana Lessa
  • 27 de jan. de 2020
  • 5 min de leitura

Eu nunca pensei. Em doar sangue sim, era algo que eu tinha consciência e até estimulava, tentei e não consegui mais era algo que estava presente no meu dia a dia. Com relação a doação de medula eu nunca cogitei e nem mesmo sabia direito sobre o assunto. Meu primeiro contato com a doação de medula foi através de um amigo diagnosticado com Leucemia e pela minha recém descoberta do Linfoma. Durante meus momentos de pesquisa, via que dependendo do meu estadiamento e da resposta do meu organismo a quimioterapia, a doação de medula seria uma possibilidade. Quando a câncer passa a afetar diretamente sua vida, você passa a abrir os olhos pra coisas que até então passavam despercebidas, minha ligação com a área da saúde sempre foi muito forte, mais até então apenas relacionada a doenças com apelo forte em saúde pública como Dengue, Zika e Chikungunya. Em algum momento do meu tratamento, os médicos chegaram a acreditar que minha medula estivesse comprometida, mas foi apenas uma hipótese e não precisei de um transplante. Hoje em dia, mesmo pensando, pesquisando e sabendo sobre o assunto é tarde demais para ser doadora e minha única forma de ajudar é divulgar e informar sobre esse tema. É bom perceber a força que muitos pacientes que necessitam de um transplante vem gerando nas redes sociais demonstrando a importância que um simples gesto pode exercer na vida de um ser humano. Hoje, após 10 meses em remissão eu não precisei de um transplante, mais a gente nunca sabe o dia de amanhã e se um dia eu precisar, quero ter a possibilidade de ter alguém compatível a mim disponível entre meus familiares ou num banco de doadores.

É de se imaginar que muitas pessoas ainda sentem receio quanto a doação de medula óssea devido ao desconhecimento de como é realizado todo o procedimento e uma vez que a decisão de se tornar doador seja feita, é de extrema importância a empatia com um possível paciente receptor, pois infelizmente, ainda existem pessoas que se cadastram como doadores e uma vez feito o contato por parte do REDOME, muitas delas desistem e isso pode gerar consequências alarmantes. Portanto, só realize seu cadastro se isso for realmente da sua vontade.

Mas, o que seria a Medula Óssea? Quem pode doar e Quem não pode? O que é o Redome? Quem precisa de transplante? Essas são algumas perguntas comuns quando se trata desse assunto.

Portanto, a Medula é a famosa "carninha" encontrada dentro dos ossos e para a doação é preciso retirar um pouquinho dela. O processo pode ser feito de duas maneiras, sendo a primeira através de uma punção nos ossos da bacia sob anestesia peridural ou geral, necessitando que o doador fique sob internação por 24h. O processo dura aproximadamente 90 min e em 15 dias sua medula já se recuperou. Dói? As únicas reclamações de doadores são de desconforto no local, que pode ser de leve a moderada, e que passa em 3 dias e após 1 semana, o doador pode voltar as suas atividades normais. O segundo processo é por aférese no qual o doador toma uma medicação por 5 dias para estimular o aumento de células tronco sanguíneas e a doação é feita toda por via venosa, onde o sangue passa por uma máquina que faz a separação das células que serão usadas para a realização do transplante. Nesse caso o que pode ocorrer é um quadro gripal devido a medicação e a recuperação total ocorre em duas semanas. O melhor método de doação será escolhido pelo médico do receptor. Lua, e eu só posso doar uma única vez? Não, o doador pode doar medula mais de uma vez desde que tenha transcorrido 6 meses da primeira doação e que o método utilizado seja distinto.

A empatia é o principal sentimento que deve ser considerado quando se decide ser um doador, porque é nesse momento que você pensa que pode estar salvando a vida de alguém e em alguma outra hipótese, alguém poderia estar salvando a sua. Por isso, a responsabilidade afetiva em ter a certeza de que, quando for chamado você será capaz de atender esse pedido.

Nesse mapa mental, tentei resumir as principais informações que te permitem saber se você pode doar ou não e caso possa, em quais hemocentros isso é possível no Estado do Rio de Janeiro. Caso, você seja de outro Estado e tenha esse interesse, o site do REDOME disponibiliza todos os hemocentros capazes de realizar essae cadastramento. E é difícil se cadastrar? Não, além de demonstrar real interesse, deve-se comparecer e um desses hemocentros com identidade, você irá responder formulários e ficha com informações pessoais e vão ser coletados 10ml de sangue para fazer os testes de histocompatibilidade e a partir dai, seus dados entram no banco de dados brasileiro. Caso haja, um receptor, você será chamado.

E o que é o REDOME, Lua? É o Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea de doadores cadastrados no Brasil e coordenado pelo INCA. Atualmente, são mais de 4 milhões de doadores cadastrados, sendo o terceiro maior banco do mundo. O cadastro de um doador fica ativo até os 60 anos e é de extrema importância mantê-lo sempre atualizado uma vez que você pode ser chamado a qualquer momento. Uma vez identificada a possível compatibilidade o REDOME entra em contato com o doador para confirmar sua vontade e ele passa por uma série de exames clínicos e laboratoriais para confirmação. Uma vez confirmada, a doação será agendada.

E quem recebe essa medula? Esse tipo de tratamento é indicado para um conjunto de cerca de 80 doenças que de alguma forma afetam a fabricação de células do sangue e do sistema imunológico. A busca por um doador compatível é feita em bancos no Brasil e no mundo quando não há doador aparentado ( ou seja, da família). Hoje em dia, 64% das confirmações de compatibilidade são do Banco Brasileiro. 25% das famílias brasileiras encontram um doador ideal (irmão) e os outro 75% precisam de um doador alternativo.

Num país com quase 210 milhões de pessoas, 4 milhões ainda é um número baixo - frente a quantidade de pessoas que precisam desse tipo de tratamento - e esse número só irá aumentar quando a população tiver informações. É preciso entender a importância desse gesto voluntário e da necessidade que muitas pessoas tem em depender do próximo para que a vida continue. A informação precisa ser clara, direta e simples, uma vez que já é da nossa cultura ser receptivo com o próximo, então porque as políticas públicas não repassam informações e dados para aqueles que não tem como acessa-los? As vezes o interesse só vai surgir quando acontecer perto da gente, mas campanhas constantes de doação e iniciativas que incentivem a doação podem ser feitas durante o ano todo.

E você que resolveu parar e ler meu post? Já fez seu cadastro de doador? Lembre-se só seja doador, se realmente for da sua vontade!!


Com amor, Lua



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